Museu de Arqueologia e Etnologia – MArquE
O Museu de Arqueologia e Etnologia da Universidade Federal de Santa Catarina (UFSC) tem sua origem no Instituto de Antropologia, criado por meio da Resolução nº 089, de 30 de dezembro de 1965. Até 1968 este Instituto funcionava junto ao Curso de História da Faculdade de Filosofia Ciências e Letras da UFSC. Em 29 de maio desse mesmo ano foi inaugurada a sede própria do Instituto de Antropologia, uma edificação reformada e adaptada que integrava o complexo da antiga Fazenda “Assis Brasil”, cujo espaço foi transformado no atual Campus Universitário.
Prof. Cabral proferindo discurso de instalação do Instituto de Antropologia
O Instituto de Antropologia era composto pelas divisões de Arqueologia e Antropologia Física e Cultural. Suas instalações dentro de uma área de 480m² abrigavam laboratórios, além de uma biblioteca e uma sala de exposições para o acervo arqueológico, indígena e de cultura popular.
Prof. Cabral e Prof. Egon Schaden
A Reforma Universitária, implantada na UFSC na década de 1970, implicou a transformação do Instituto de Antropologia em Museu de Antropologia. Esta alteração na nomenclatura não afetou o exercício das atividades de pesquisa que continuavam sendo prioritárias, porém tendo que assumir definitivamente a exposição do acervo, atendendo aos objetivos: extensão e ensino. Para que pudesse haver exposições, foram transformadas três salas de aula que ficavam anexadas ao prédio principal em salas de exposições.
Prof. Cabral com assistentes mostrando as futuras instalações do Instituto de Antropologia
Em 1978, por meio da Resolução nº 065, de maio de 1978, o Museu de Antropologia é transformado em Museu Universitário. A partir desse momento o Museu passa a ser uma instituição voltada exclusivamente para a guarda de acervo. Esta denominação sempre causou estranheza ao público em geral, pois, no entendimento do senso comum, se era ou é universitário, percebia-se como um receptor do acervo material dos diversos órgãos que compõem a UFSC.
Instituto de Antropologia – Finais da década de 1960
Entretanto, era latente aos técnicos que atuavam no Museu Universitário que seu caráter estava voltado à Antropologia, e a forma “universitário” dava-se ao tripé norteador de uma instituição como a UFSC, voltada ao ensino superior, ou seja, pesquisa, ensino e extensão.
Prof. Cabral com pesquisadores do Instituto de Antropologia – 1968
Assim sendo, em meados da década de 1980, o Setor de Arqueologia, retomou a pesquisa com o projeto intitulado “O povoamento pré-histórico na Ilha de Santa Catarina”, financiado pela FINEP. A partir daí outros setores do Museu incrementaram projetos de pesquisa.
Egon Schaden proferindo palestra no Auditório do Museu Universitário – 1968
Em 1991, após ampla discussão interna, foi formado o Corpo Técnico-Científico que elaborou o novo regimento interno objetivando, a priori, sedimentar o tripé pesquisa, ensino e extensão como forma de atuação de um Museu com um caráter eminentemente antropológico.
Arqueólogo Pe. João Alfredo Rohr, Prof. Cabral e Prof. Paulo Duarte com equipe do Museu
Em maio de 1993, o Museu completou vinte e cinco anos de existência e passou a ser denominado Museu Universitário “Oswaldo Rodrigues Cabral”, por meio da Resolução n.º 106/Cun, de 26 de outubro de 1993, em homenagem a seu idealizador, fundador e primeiro diretor. Cabe ressaltar que, apesar de ser criado em 1965, somente em 1968 foi aberto ao público, ainda como Instituto de Antropologia.
Laboratório de Antropometria Física
Atualmente, o Museu desenvolve atividades de pesquisa, ensino e extensão em Arqueologia (pré-colonial e histórica), Etnologia indígena, Cultura popular e Divisão de Museologia, bem como em documentação e arquivo, e estudos museológicos. Dentro dessa perspectiva, o atendimento ao público especializado chegou nos últimos quatro anos a 1.354 pessoas.
Vista parcial do prédio do Básico (CCE) – Década de 1970. Ao fundo, à esquerda, o então Instituto de Antropologia, atual Museu Universitário “Oswaldo Rodrigues Cabral”
Merece atenção especial o acervo do Museu, não só pela intensa procura por parte de pesquisadores do Brasil e de outros países, como também por parte de instituições que se utilizam dele para exposições, como, por exemplo a “Associação Brasil 500 Anos Artes Visuais – Mostra do Redescobrimento”, uma mostra de acervos que denotam a multiplicidade e abrangência da cultura material no Brasil. Tal evento ocorreu no período de 23 de abril a 7 de setembro de 2000 no Parque do Ibirapuera, em São Paulo, com um público visitante que ultrapassou um milhão de pessoas. A mesma exposição foi dividida em módulos e apresentada em: Lisboa, Fundação Calouste Golbenkian, com uma visitação de oitenta e cinco mil pessoas; São Luís do Maranhão, no Convento das Mercês, com sessenta e cinco mil visitantes; Santiago do Chile, no Museu Nacional de Belas Artes, com quarenta e dois mil visitantes. O Museu se fez presente com o empréstimo de vinte e seis peças do seu acervo arqueológico, já estando programado para o ano de 2005 o empréstimo de dez peças do acervo de Arqueologia e Etnologia Indígena para o Museu Nacional da França.
Sr. Duca, oleiro do município de São José, demonstrando a confecção de cerâmica de torno
Outro ponto relevante do acervo e também motivo de cuidados especiais é a sua diversidade de matérias-primas empregadas. Temos, sob a guarda do Museu, acervos líticos, cestarias, cerâmicas, vidros, papéis, ósseos, madeiras, fibras vegetais, ferros, materiais fotográficos, tecido e plumária. Esta diversidade está intrinsecamente relacionada à forma de aquisição do acervo que é, na sua maioria absoluta, resultado de pesquisas executadas pelo Corpo Técnico-Científico do Museu. Há coleções que tem forte apelo popular, como a coleção “Profª Elizabeth Pavan Cascaes”, obra do artista Franklin Joaquim Cascaes, que se tornou referência para a compreensão da ocupação humana na Ilha de Santa Catarina e arredores. Ainda é fruto de exaustivas pesquisas a coleção “Arqueológica”, pré-colonial ou histórica (séc. XVI).
O acervo etnográfico indígena foi exposto no Museu Histórico de Santa Catarina a partir do mês de agosto de 2002. Também há uma exposição com textos e fotos intitulada “Índios e terras indígenas em Santa Catarina: situação atual”, que está em exposição pelo interior do nosso estado. No que tange as exposições no Museu, é fator limitante e motivo de preocupações suas precárias instalações.
Visita do então Reitor, Prof. David Ferreira Lima, recebido pelo Prof. Silvio Coelho dos Santos, no laboratório de Antropometria Física
Como já foi dito anteriormente, dispomos de três salas denominadas blocos M2, M3 e M4, segundo definição do Escritório Técnico-Administrativo (ETUSC), que totalizam 480 m². Cabe salientar que a área utilizável sofre interferência de corredores que ligam um bloco ao outro. Outra questão é a inadequação do espaço, uma vez que são construções da década de 1970, com piso em madeira, janelas venezianas e telhado de amianto sem forro, a princípio construídas para serem utilizadas como salas de aula. Este conjunto impede o controle de umidade, temperatura, iluminação e até mesmo a circulação do público e a segurança do acervo de maneira adequada.
Ainda que tenhamos um conjunto de problemas, dificuldades e preocupações, mantemos exposições a fim de atender ao público da UFSC, escolas do ensino fundamental e médio da rede pública e particular, ao público local e aos turistas provenientes do Brasil e outros países. A questão da visitação ao Museu requer condições de segurança tanto para o acervo quanto para o público, que nos últimos quatro anos perfizeram um total de 71.140 visitantes.
A atuação de museus pós-década de 1980 está sendo norteada pelas Cartas de Caracas e de Santiago do Chile. Ambas centram esforços para que as questões museográficas voltem-se para a região na qual está inserido o museu, de forma que a museografia – técnica expositiva – contemple aspectos da cultura local. Esta orientação da regionalização já é contemplada historicamente pelo Museu; porém, no que se refere à museografia, temos sérias dificuldades em razão do espaço físico.
Mostras museográficas não se restringem em colocar à disposição do público o acervo, pois elas têm como objetivo servir a um processo educacional, permitindo a sua reflexão e compreensão por meio da cultura material. Os objetos no museu adquirem o status de acervo e são descaracterizados de sua função primeira e assim tornam-se signos que por si não falam, mas traduzem adequação que possibilitem uma interação entre o público e a exposição que os objetos/acervos/signos não sejam olhados como “curiosidades”, mas como ação educativa.
Salas de exposição – década de 1970
Hall do Museu – Ao fundo, fotografia do Prof. Cascaes
Diretores do Museu
– Prof. Oswaldo Rodrigues Cabral (diretor no período de 1965 a 1969);
– Sílvio Coelho dos Santos (diretor no período de 1970 a 1975);
– Alroino Baltazar Eble – In memoriam (diretor no período de 1975 a 1976);
– Anamaria Beck (diretora no período de 1977 a 1982);
– Neusa Maria Sens Bloemer (diretor no período de 1982 a 1986);
– Luis Carlos Halfpap (diretor no período de 1986a 1992);
– Teresa Fossari (diretora no período de 1992 a 1996);
– Gelci José Coelho “Peninha” (diretor desde 1996);
– Teresa Domitila Fossari (2008-2013);
– Sônia Weidner Maluf (desde junho de 2013)
(PDF 1.931kb)