Entidades manifestam-se sobre ação policial na UFSC

28/03/2014 16:16

Desde os acontecimentos do dia 25 de março na Universidade Federal de Santa Catarina, diversas entidades manifestam-se sobre o ocorrido.Veja algumas das manifestações: 

:: Sindicato dos Jornalistas de Santa Catarina (SJSC) e Federação nacional dos Jornalistas (FENAJ)

O Sindicato dos Jornalistas de Santa Catarina e a Federação Nacional dos Jornalistas vêm a público repudiar as práticas autoritárias por parte do aparato policial do Estado e também os ataques ao exercício do Jornalismo, ocorridos no campus da Universidade Federal de Santa Catarina.

Denunciamos a ação truculenta e desproporcional da Polícia Federal e da Polícia Militar na UFSC, que resultou na agressão a estudantes, professores e servidores e, sobretudo, feriu a autonomia universitária. Ao repudiar os excessos da força policial, manifestamos também nossa solidariedade às vítimas, à comunidade da UFSC e à população de Santa Catarina, que teve um de seus maiores patrimônios atacado.

Também não podemos aceitar que os jornalistas sejam impedidos de realizar o seu trabalho, ao mesmo tempo em que apelamos aos profissionais e donos das empresas de comunicação para a responsabilidade inerente ao exercício da função, que é a de informar com ética e o máximo de exatidão.

Infelizmente, no episódio em pauta, a edição veiculada em alguns noticiários errou ao mostrar primeiro a reação dos estudantes e depois a ação da polícia, quando o que aconteceu foi o contrário. As imagens deixam claro que a polícia deu início à ação violenta e assumiu os riscos daí decorrentes, desencadeando a reação dos estudantes. E mostram também os próprios policiais quebrando uma viatura de segurança do campus.

Igualmente condenáveis foram os comentários de profissionais favoráveis à brutalidade policial.

Às empresas jornalísticas, além de garantir a segurança de seus profissionais, ressaltamos o dever de promover o debate igualitário de ideias e a manifestação de opinião. A correta informação é fundamental para que a população não seja induzida a formar juízos contrários aos fatos.

O Sindicato dos Jornalistas e a FENAJ cobram das autoridades providências em relação à atuação da polícia dentro da Universidade e pedem aos alunos e demais manifestantes que respeitem o trabalho da imprensa e não impeçam o livre exercício do Jornalismo, elemento fundamental na consolidação da democracia.

Florianópolis (SC), 27 de março de 2014.

Sindicato dos Jornalistas de Santa Catarina – SJSC
Federação Nacional dos Jornalistas – FENAJ

 http://sjsc.org.br/nao-a-violencia-na-ufsc-e-ao-ataque-ao-exercicio-do-jornalismo/

:: Direção da Faculdade de Educação da Universidade do Estado de Santa Catarina (FAED/UDESC)

NOTA DA DIREÇÃO DA FAED/UDESC

Diante dos fatos ocorridos no último dia 25 de Março no Campus da Universidade Federal de Santa Catarina (UFSC), no âmbito de uma ação policial empreendida por forças federais e estaduais, a Direção do Centro de Ciências Humanas e da Educação (FAED/UDESC) vem a público manifestar a mais irrestrita solidariedade ao Diretor do Centro de Filosofia e Ciências Humanas (CFH), Professor Paulo Pinheiro Machado, vítima de agressão física inaceitável e à Reitora da UFSC, Professora Roselane Neckel, alvo de ilações descabidas e menores.

A violência, venha de onde vier, é inaceitável, ainda mais em um espaço público e vocacionado para a educação como o Campus da UFSC. Por isso mesmo, repudiamos as hostilidades praticadas contra membros da comunidade universitária: docentes, técnicos universitários e estudantes.

Sabemos o quanto a Direção do CFH e a Reitoria da UFSC são compostas por colegas comprometidos com a educação pública e a universidade brasileira. Neste momento em que parece haver uma mobilização para lançar acusações infundadas e que visam desestabilizar o trabalho que vem sendo realizado naquela importante Instituição de Ensino Superior, externamos nossa confiança em colegas que sempre primaram pela transparência e pela defesa de direitos democráticos duramente conquistados numa sociedade ainda marcada pelo autoritarismo.

Florianópolis, 27 de Março de 2014

Direção da FAED/UDESC

 http://www.faed.udesc.br/?idNoticia=9582

:: Sintufsc

Moção de Repúdio

O Comando Local de Greve dos Técnicos-Administrativos em Educação (TAEs) vêm a público repudiar a ação truculenta, desproporcional e ilegítima da Policia Federal e Polícia Militar dentro do Campus Florianópolis da Universidade Federal de Santa Catarina (UFSC). O delegado da Policia Federal responsável por esta ação se demonstrou inflexível desde o principio, não aceitando qualquer tipo de negociação.

Companheiros da Comunidade Universitária (estudantes, TAEs e professores) sofreram com o ataque da Tropa de Choque comandada pela Polícia Federal, que dispararam balas de borracha, lançaram gás lacrimogênio e inclusive colocaram em perigo às crianças Núcleo de Desenvolvimento Infantil (NDI) e Flor do Campus (escolas de educação infantil do Campus).

A autonomia das universidades federais precisa ser garantida e não podemos dar carta branca para qualquer intervenção policial em nossa universidade, pois nosso histórico recente de violência e perseguição aos movimentos sociais não pode ser esquecido, de modo que não podemos aceitar que estes atos sejam vistos como naturais e ocorram sem a punição de seus responsáveis.

Deste modo, repudiamos veementemente as ações que violam os direitos humanos realizadas pelas corporações policiais em nosso país, e em especial em nossa Universidade. Repudiamos ainda a assinatura por parte da Administração Central no Inquérito Civil nº 06.2013.00010551-0, que delega autoridade e autoriza a entrada da PM irrestritamente. Em respeito ao nosso histórico de luta contra a ditadura civil-militar e da luta de nossa categoria e do povo brasileiro em prol da democracia, exigimos que os responsáveis por esta operação sejam punidos e se desculpem publicamente pelo ocorrido.

Comando Local de Greve
http://www.sintufsc.ufsc.br/wordpress/?p=10936

:: Pós Graduação em Antropologia Social

A coordenação do Programa de Pós-Graduação em Antropologia Social manifesta o repúdio à ação arbitrária, truculenta e desproporcional da Polícia Federal e militar no episódio ocorrido no dia 25 de março, no campus da UFSC em Florianópolis.

http://ppgas.posgrad.ufsc.br/2014/03/26/nota-de-repudio/

:: Memorial dos Direitos Humanos da UFSC

Nota de repúdio à invação do campus da UFSC pela polícia

O Memorial dos Direitos Humanos registra seu repúdio à ação violenta e arbitrária utilizada pela Polícia Federal e pela Polícia Militar ao invadirem o campus da Universidade Federal de Santa Catarina, em Florianópolis, na última terça-feira, 25/03. A ação representa clara violação aos direitos humanos e um atentado à autonomia da Universidade.

http://memorialdh.sites.ufsc.br/nota-repudio-invacao-campus-ufsc-policia/

:: AJD -SC 

Nota pública

 O Núcleo Catarinense da Associação Juízes para a Democracia, entidade não governamental e sem fins corporativos, que tem dentre suas finalidades o respeito absoluto e incondicional aos valores jurídicos próprios do Estado Democrático de Direito e a promoção e a defesa dos princípios da democracia pluralista, bem como a difusão da cultura jurídica democrática, vem a público manifestar-se acerca da ação policial levada a cabo em 25/03/2014 no campus da UFSC.
Salta aos olhos a desproporção dos meios utilizados pela ação da Polícia Federal e da Polícia Militar para combater um crime que sequer é penalizado por nosso ordenamento jurídico. A ação se caracterizou pela intransigência e pela violência que, não raro, são a marca das forças policiais em nosso país, o que revela a necessidade urgente de discutir a remodelação dessas instituições, em particular a desmilitarização. Mais respeito à cidadania, menos repressão.
À Polícia Federal, como polícia judiciária, cabe a realização de serviços de inteligência, em vez de truculência direta e indistinta contra estudantes e professores. A presença ostensiva da Polícia Militar no campus abala o valor fundamental da autonomia universitária e das pesquisas científicas e acadêmicas.
Salientamos ainda que apontamentos mundiais sérios indicam que a forma de tratar a questão da droga refoge às políticas penais. A “guerra às drogas” já se mostrou ineficaz no combate ao tráfico e é utilizada como justificativa para a violência indiscriminada do Estado em face da população mais carente. O ambiente acadêmico é justamente o local mais adequado para se discutir esse fenômeno sem a criminalização.
A consolidação da democracia em nosso país somente será alcançada com o respeito ao Estado de Direito, no qual o exercício do poder é limitado pela observação das leis, de modo a impedir a sua utilização de forma arbitrária, em especial pelas forças da ordem.
Florianópolis, 27 de março de 2014.

::  Andes – SN

Carta enviada pelo ANDES-SN ao Ministério da Justiça solicitando posicionamento quanto à ação ilegal da Polícia Federal na UFSC:

“Carta nº 053/2014

Brasília, 27 de março de 2014

Excelentíssimo Senhor
José Eduardo Cardozo
Ministro de Estado da Justiça
BRASÍLIA – DF

Senhor Ministro,

Vimos, por meio desta, repudiar veementemente a ação ilegal da Polícia Federal, que fere o Art. 207 da Constituição Federal, ao promover operação repressiva na Universidade Federal de Santa Catarina, no dia 25 de março corrente, sem qualquer comunicação ou autorização da Reitora, Professora Roselane Neckel, com o agravante de chamar a tropa de choque da Polícia Militar do Estado de Santa Catarina, que agiu violentamente contra estudantes, professores e servidores técnico-administrativos. Salta aos olhos que agentes da própria Polícia Federal tenham agido violenta e desrespeitosamente, como mostra a imagem abaixo desses agentes lançando spray de pimenta no Diretor do
Centro do Filosofia e Ciências Humanas daquela universidade, Professor Paulo Pinheiro Machado, que buscava negociar uma solução pacífica e respeitosa de acordo com a Lei. Salientamos, em conformidade à nota de repúdio emitida pelas senhoras Reitora e Vice-Reitora daquela instituição (http://noticias.ufsc.br/2014/03/nota-de-repudio/), a urgência da apuração dos fatos e consequente punição dos responsáveis por esta operação lamentável e ilegal, bem como a punição dos responsáveis.

Respeitosamente,
Prof. Márcio Antônio de Oliveira
Secretário-Geral”